Quem nunca desenvolveu um monólogo na própria cabeça antes de enfrentar conversas difíceis? Seja no chuveiro ou durante um momento de distração, muitas pessoas tentam planejar com antecedência como se comportar em momentos assim. Afinal, a ansiedade e o nervosismo tomam conta do corpo.
Mas antes que você comece a sentir medo só por conta do início deste texto, temos uma boa notícia: é possível treinar e se “adaptar” a conversas difíceis!
Com o apoio de um psicólogo, por exemplo, você pode treinar, simular a conversa e organizar as ideias. Dessa maneira, a experiência torna-se menos assustadora e mais objetiva.
E você também pode contar com nossas dicas neste post especial sobre como conduzir conversas difíceis. Vamos lá?

O que são conversas difíceis?
Conversas difíceis, no geral, são aquelas que podem trazer algum conflito, risco ou desgaste emocional. Muitos sentimentos estão envolvidos nessas situações, levando a pessoa a sentir medo e angústia. É por isso que todos nós, naturalmente, evitamos-as ao máximo.
Alguns exemplos de conversas difíceis acontecem no dia a dia de muitas pessoas:
- Falar com o gestor sobre aumento ou promoções;
- Dar feedbacks delicados no ambiente corporativo;
- Conversas difíceis no relacionamento, em relação a situações financeiras ou ciúmes, por exemplo;
- Discutir problemas familiares que afetam a convivência;
- Impor limites dentro de amizades que estão desgastando a relação.
Ou seja, o que caracteriza as conversas difíceis é justamente a intensidade emocional e o impacto que podem ter no futuro da relação.
Leia também: Guia para saúde mental no trabalho.
Conversas difíceis são necessárias?
Sim, conversas difíceis trazem resoluções importantes para as pessoas. O que precisamos distinguir é: em alguns casos, os resultados não serão os melhores. Afinal, existem muitos sentimentos envolvidos. No entanto, até mesmo uma resposta negativa ainda é válida como resposta.
Nesse sentido, relações saudáveis exigem conversas difíceis, sobretudo para ajustes, empatia e crescimento de ambas as partes.
Por exemplo: você pode estar passando por uma situação difícil no trabalho, onde um colega está lhe deixando sobrecarregado. Evitar esta conversa só lhe trará mais dor e trabalho. Assim, são muitos os efeitos de evitar conversas difíceis: ressentimento, recalque, perda de confiança, atrasos, entre outros.
Por outro lado, caso você resolva esse impasse com uma conversa madura e respeitosa, há grandes chances da sua motivação no trabalho crescer.
Portanto, conversas difíceis são necessárias, sendo um ato de inteligência emocional, mesmo no trabalho, na família ou no relacionamento.
Motivos comuns que adiam conversas difíceis
Abaixo listamos alguns motivos comuns que fazem com que as pessoas possam adiar conversas difíceis.
Experiência com conflitos não resolvidos
Todo mundo já passou por um relacionamento (familiar, amoroso ou trabalho) em que não havia maturidade emocional. Essa memória costuma ser acessada quando a pessoa precisa ter uma nova conversa difícil, gerando medo e angústia.
Dentro de um acompanhamento psicológico, por exemplo, o paciente é estimulado a enfrentar esses medos e angústias dentro de um espaço seguro. Essa é uma das práticas mais interessantes para aprender como argumentar sobre questões importantes.
Receio de causar mágoa
Pessoas muito empáticas têm dificuldade em impor limites, principalmente por acreditarem que estão incomodando. Dessa forma, preferem viver no desconforto ao invés de enfrentar o desafio. Mas lembre-se: o silêncio pode ser mais prejudicial do que a conversa em si.
Dificuldade em se expressar
Colocar sentimentos em palavras não é fácil. Por isso, técnicas de comunicação assertiva e simulações são essenciais. Você pode testar e simular dezenas de vezes com um psicólogo, em um ambiente seguro e sigiloso, antes de enfrentar a situação em si.
Aliás, conflitos amorosos e problemas em relacionamentos são uns dos motivos principais pelos quais as pessoas buscam terapia, segundo uma pesquisa da Zenklub. Ou seja, muitas pessoas têm dificuldade em se expressar, não sendo vergonha nenhuma buscar ajuda para enfrentar o problema.
Por último, ter um roteiro de preparação para conversas difíceis no trabalho ou com questões pessoais pode ser fundamental.

Benefícios em ter conversas difíceis
Abaixo listamos alguns benefícios que podem surgir de conversas difíceis.
Melhor compreensão mútua
Abrir espaço para falar sobre o que incomoda promove relações mais claras e saudáveis. Quando o outro sabe o que lhe incomoda, ele evitará situações assim. Ou seja, isso pode levar a uma melhor qualidade de vida para você e também para os seus relacionamentos.
Inclusive, questões de liderança, diferenças culturais ou até de intergeração no trabalho são exemplos comuns de tensões que podem levar a diálogos desafiadores. Utilizando uma comunicação clara, você também contribui para o bem-estar dentro do ambiente de trabalho.
Resolução de conflitos
Quando evitamos diálogos difíceis, estamos fadados a esconder problemas e acumulá-los. Muitas vezes, expor a sua opinião e ter uma conversa difícil pode abrir portas para uma resolução saudável.
Além disso, evitar resolver um problema é um dos fatores ansiolíticos mais famosos que existem. Todo mundo já procrastinou uma conversa difícil alguma vez na vida. Quer evitar sintomas de ansiedade? Comece a praticar com seu psicólogo como manter a calma em uma conversa difícil.
Fortalecimento de vínculos
Falar sobre assuntos delicados com respeito e clareza cria confiança. Relações pessoais e profissionais se tornam mais sólidas porque há abertura para tratar de temas importantes. Além disso, você ganha o respeito das pessoas ao seu redor, por ser uma pessoa clara e aberta.
Por fim, você também não precisa ter medo de se aprofundar em conversas mais intensas, como mostra uma reportagem da BBC sobre “Hábitos de conversa”. Esse também é um dos fatores que auxiliam a criar vínculos mais fortes e desenvolver relações saudáveis.
Melhora da autoconfiança
Para uma entrevista à CNN, o professor de Psicologia do Trinity College Dublin, Ian Robertson, afirmou que “tomar ação” diante de qualquer tarefa da vida, contribui para o aumento da autoconfiança. Logo, impor limites e falar abertamente com pessoas do seu círculo social pode sim trazer uma melhora de confiança.
Como lidar com conversas difíceis?
Lidar com conversas difíceis exige mais do que coragem: é preciso planejamento e prática. Antes de iniciar o diálogo, organize suas ideias, identifique o que realmente importa e antecipe possíveis reações da outra pessoa.
Além disso, existem técnicas específicas que ajudam a conduzir o diálogo de forma produtiva e como transformá-las em diálogos construtivos.
Uso da Comunicação Não Violenta (CNV)
A CNV é uma ferramenta poderosa de como iniciar conversas difíceis e evitar brigas, além de contar com 4 pilares para manter um diálogo saudável. São eles:
- Observação: Descrever a situação de forma objetiva, sem julgamentos. Em vez de dizer “Você é péssimo e está atrasado”, prefira “Percebi que o relatório foi entregue com dois dias de atraso, você está bem? Aconteceu alguma coisa?”. Essa pode ser uma ótima ferramenta para uma conversa com pessoas difíceis no ambiente de trabalho.
- Sentimento: Consiste em nomear a emoção que você está vivenciando. Exemplo: “Eu me sinto frustrado quando isso acontece”. Parece simples, mas é uma ótima forma de validar os seus sentimentos.
- Necessidades: Relacionar o sentimento observado a uma necessidade não atendida. Por exemplo: “Preciso de previsibilidade para organizar minha rotina”. Dessa forma, você pode evitar a ansiedade no trabalho, por exemplo.
- Pedido: Finalizar com uma solicitação clara e específica, não uma exigência. Como: “Você pode me avisar antes caso não consiga entregar no prazo?”. Note que a CNV também tem como base o respeito.
Técnica do “Eu Sinto…”
Essa é uma das técnicas ligadas à CNV mais utilizadas. Parece simples, mas ao iniciar frases como “Eu sinto”, você coloca o foco na sua experiência, sem acusar a outra parte.
Por exemplo: “Eu sinto ansiedade quando os prazos mudam sem aviso, porque isso afeta meu planejamento”. É uma forma prática de como conversar de forma inteligente e garantir que sua mensagem seja ouvida sem criar barreiras.
Técnica do “Sanduíche”
Essa estratégia é muito utilizada em ambientes profissionais, sendo ideal para conversas difíceis no trabalho. Ela consiste em iniciar a conversa com um elogio ou reconhecimento, depois trazer a crítica ou ponto de melhoria. Por fim, a conversa encerra-se com um elogio.
Exemplo: “Gosto muito da sua dedicação, mas precisamos alinhar melhor os prazos. Tenho certeza de que sua organização vai ajudar nisso”. Esse método suaviza o impacto da crítica e facilita a aceitação da mensagem.
Muitas empresas já entendem que oferecer benefício de saúde no RH pode contribuir para uma melhor comunicação entre funcionários. Se você deseja aprender mais sobre técnicas de comunicação assertiva, é possível buscar o apoio de um psicólogo para improvisar suas habilidades nessa área.
Ajuda profissional
Mesmo com essas técnicas, algumas conversas podem parecer pesadas demais. Nesses casos, praticar com um psicólogo ajuda a reduzir a ansiedade, criar clareza e até simular cenários possíveis.
Esse apoio não exige um processo longo: uma ou duas sessões podem ser suficientes para ganhar segurança e aprender como manter a calma em uma conversa difícil.
No entanto, é importante destacar que a terapia precisa de um tempo para fazer efeito de fato, sendo necessário o manejo do tratamento a longo prazo. Por fim, reconhecer os benefícios de fazer terapia pode ser um passo importante para aprender a lidar com dilemas de forma mais leve.
Outras dúvidas sobre como ter conversas difíceis
Geralmente envolvem emoções intensas, histórico de relacionamentos ou temas delicados.
Planeje o diálogo, escolha palavras neutras e pratique como iniciar um assunto delicado. A CNV pode ser essencial nesse momento.
Antecipe possíveis respostas e use um roteiro de preparação para conversas difíceis no trabalho para conduzir o diálogo com segurança. Em alguns casos, contar com o suporte de um psicólogo organizacional pode ajudar a mediar conflitos de forma construtiva.
Escolha um ambiente silencioso, cuide da comunicação não verbal e, se precisar, faça uma simulação com um psicólogo online.
Comece reconhecendo sentimentos, estabeleça o objetivo da conversa e use frases do tipo “Eu sinto…”.
Respire, faça pausas e pratique técnicas de como ter uma conversa pacífica.
Conclusão
As conversas difíceis podem ser desafiadoras, mas não precisam ser assustadoras. Preparar-se com antecedência, praticar técnicas de comunicação e, quando necessário, contar com a ajuda de um psicólogo, pode transformar o diálogo em um momento de crescimento.
Se você quer se sentir seguro e preparado para lidar com assuntos delicados, a MediQuo tem o especialista certo para ajudar você a vencer a dificuldade em ter conversas difíceis!