A rotina cada vez mais acelerada de trabalho tem exigido das pessoas níveis insustentáveis de produtividade. Prazos inalcançáveis, metas à perder de vista, jornadas duplas e às vezes triplas, contribuem para um sentimento muito comum atualmente: a dificuldade de se desvencilhar do trabalho. E aqui os sinais de burnout começam a aparecer.
Em alguns casos, a pessoa demora até entender todos os sintomas: cansaço extremo e recorrente, dificuldade de concentração e perda da motivação, mesmo em atividades anteriormente prazerosas. A rotina torna-se maçante e literalmente adoecedora.
Esses sintomas, que parecem apenas reflexo de uma semana difícil, podem estar relacionados à Síndrome de Burnout. A condição médica é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 2019, caracterizando-se por um estresse crônico relacionado ao trabalho.
A boa notícia é que identificar os primeiros sinais de Burnout e adotar estratégias de autocuidado podem evitar que a síndrome avance para quadros mais graves.
Para auxiliar no tratamento e também no entendimento da condição, criamos este guia. Neste, você vai conhecer os principais sinais e sintomas do Burnout, entender os fatores de risco e descobrir 5 exercícios de autocuidado práticos que podem ser incorporados à sua rotina sem demandar muito tempo. Vamos lá?
15 sinais de Burnout
O Burnout se manifesta por meio de sinais físicos, emocionais e comportamentais. Quanto antes forem reconhecidos, maiores são as chances de prevenção. Além disso, é muito importante desmistificar a ideia de que Burnout é sinônimo de fraqueza ou “preguiça”.
Ela é, de fato, uma condição de saúde que exige cuidado e tratamento. Portanto, veja os principais sinais de Burnout e procure um profissional caso você se identifique.
1. Cansaço excessivo
A sensação de esgotamento constante, mesmo após boas noites de sono, é um dos primeiros sinais de alerta. Não se trata apenas de “estar cansado”, mas de uma fadiga que parece não ter fim.
Nesse sentido, também há uma correlação com a dificuldade de deixar o trabalho de lado. É como se fosse uma sensação que está dia após dia lhe “rondando”.
2. Dores de cabeça frequentes
O estresse crônico ativa o sistema nervoso e aumenta a tensão muscular, favorecendo a ocorrência de dores de cabeça constantes. Além disso, a região do maxilar também costuma ficar rígida, o que pode gerar sintomas como a cefaléia e o bruxismo.

3. Fadiga e dores musculares
Há dois pontos em relação aos sinais de burnout e dores musculares. Primeiramente, a sobrecarga física pode gerar dores nas costas, ombros e pescoço, comuns em pessoas que passam muitas horas no computador.
No entanto, as dores musculares também podem ser causadas por sobrecarga emocional, condicionando os músculos a constantes descargas de tensão. Para algumas pessoas, a Síndrome do Burnout vem acompanhada de episódios de ansiedade e os benefícios da terapia podem ajudar em ambos os casos. Busque auxílio se sentir necessidade!
4. Pressão alta e alterações cardíacas
Estudos mostram que o estresse prolongado aumenta o risco de hipertensão e problemas cardiovasculares. O Burnout pode se refletir no corpo antes mesmo de ser identificado na mente.
Uma pesquisa da Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês) mostrou que, quando o nível de cortisol (hormônio do estresse) dobrava, os riscos de sofrer um evento cardiovascular aumentavam em até 90%. Ou seja, corpo físico e mente estão interligados e não é à toa que o Burnout agora é doença mental catalogada.
5. Mudanças no apetite
Um dos sinais de Burnout no corpo é a alteração no apetite. Algumas pessoas perdem completamente a fome, enquanto outras desenvolvem compulsão alimentar como forma de compensação emocional.
6. Perda da produtividade
A falta de energia e motivação gera queda no desempenho profissional, atrasos em tarefas e maior dificuldade em cumprir metas. Esses são uns dos primeiros sinais de Burnout, uma vez que equipe e gerência conseguem juntos ver a queda de produtividade. Como consequência, a pessoa com a condição sente-se ainda mais fragilizada, pois não consegue desempenhar o seu papel.
7. Alterações no padrão de sono
Insônia ou sono fragmentado são sinais frequentes. Uma mente acelerada, que não consegue se desvincular de afazeres e tarefas do trabalho, dificilmente consegue relaxar à noite.
Em alguns casos, a pessoa até pode dormir muito, mas sem qualidade, acordando ainda cansada. O estresse é tão alto, que torna o indivíduo incapaz de ter um sono restaurador.
8. Problemas gastrointestinais
O estresse afeta diretamente o sistema digestivo, podendo causar gastrite, refluxo ou piorando sintomas como os da síndrome do intestino irritável.
9. Desinteresse
Um dos principais sinais e sintomas do Burnout é uma constante sensação de desinteresse. Atividades que antes traziam prazer perdem o sentido, desde hobbies até encontros sociais.
É importante destacar que a perda do interesse não ocorre apenas no ambiente de trabalho. Os sintomas da síndrome se expandem a outros papéis sociais do indivíduo, tornando o seu dia a dia mais desafiador.
10. Irritabilidade
Um dos sinais do burnout no trabalho, ou até mesmo fora dele, é o aumento da sensibilidade em relação ao mínimo sinal de estresse. A tolerância a pequenos conflitos torna-se nula, aumentando os casos de explosões emocionais e dificuldade de lidar com frustrações.
A terapia pode ser essencial para lidar com esse sintomas, além de mapeá-los, você pode encontrar estratégias de como enfrentar a irritabilidade e moderar o seu nível de estresse.

11. Isolamento social
A pessoa pode começar a evitar encontros com amigos, familiares e colegas, buscando se afastar para “descansar”. Além disso, é comum ver pessoas com burnout evitando sair para “não contaminar o ambiente”, por conta da sua irritabilidade constante, cansaço e dificuldade de socializar.
Esse é um dos sinais do burnout potencialmente alto para contribuir com outras condições de saúde mental, como a depressão e a ansiedade social.
12. Falta de ar
Crises de ansiedade ligadas ao esgotamento podem causar sintomas físicos como falta de ar e palpitações. Nos próximo tópicos deste artigo, vamos falar sobre como manejar os sintomas da Síndrome do Burnout, sendo importantíssimo para esses episódios de falta de ar.
13. Libido baixa
Como vimos, o estresse crônico afeta o funcionamento do corpo como um todo. Por isso, o desgaste físico e mental também impactam diretamente o desejo sexual. Se o paciente com Burnout não consegue ter vontade de realizar as atividades do dia a dia, a prática amorosa também fica mais restrita. Aqui, também vemos repetir o padrão de ciclo de frustração.
14. Imunidade baixa
O corpo sob estresse crônico libera hormônios que reduzem a imunidade, tornando a pessoa mais suscetível a gripes e infecções.
15. Esquecimento
Dificuldade de concentração e falhas de memória são sinais cognitivos da síndrome.
Fatores de risco para a Síndrome de Burnout
A Síndrome de Burnout não surge de forma isolada, sendo resultado de uma combinação de fatores individuais e organizacionais. Em uma entrevista para a BBC, a pesquisadora da ciência da exaustão, Anna Katharina Schaffner, listou os principais fatores que levam à Síndrome de Burnout:
- Excesso de trabalho
- Falta de autonomia
- Recompensas inadequadas
- Perda de comunidade
- Incongruência de valores
- Sentimento de injustiça
Portanto, podemos concluir que, a falta de reconhecimento, valorização e feedback construtivo contribuem para a condição e geram essa sensação de inutilidade no trabalho.
Além disso, ambientes com clima organizacional tóxico, marcados por assédio moral, competitividade extrema ou falta de comunicação clara, elevam significativamente o risco de esgotamento.
No entanto, há também elementos subjetivos da pessoa, que podem gerar a condição de saúde, como é o caso do perfeccionismo, da autoexigência elevada e da dificuldade em pedir ajuda.
A dificuldade em estabelecer limites, como responder mensagens fora do expediente ou estar sempre disponível, também é um fator de risco crescente em tempos de hiperconectividade.
5 exercícios de autocuidado para prevenir o Burnout
Prevenir o Burnout não significa inserir mais obrigações na rotina, mas encontrar formas de restaurar a energia e o equilíbrio. Veja cinco práticas simples:
Meditação
Pequenas pausas de 5 a 10 minutos de respiração consciente já ajudam a reduzir a ansiedade e trazer a pessoa para o “momento presente”. Aplicativos de meditação guiada podem ser aliados, sobretudo por contarem com jornadas de aperfeiçoamento.
Afinal, iniciar a meditação é algo complicado, principalmente por nos obrigar a simplesmente pausar a rotina. Portanto, comece praticando poucos minutos e vá ganhando mais consciência!
Exercícios físicos
Não é necessário começar com treinos intensos. Caminhadas curtas, alongamentos ou yoga podem melhorar o humor e reduzir a tensão muscular. Além disso, as atividades físicas são perfeitas para a liberação de hormônios do prazer e felicidade, contribuindo para um melhor equilíbrio de sentimentos ao longo do seu dia.

Higiene do sono
Estabelecer horários regulares, evitar telas antes de dormir e criar um ambiente adequado de descanso fazem diferença significativa na qualidade do sono.
Características individuais também são importantes nesse aspecto: algumas pessoas gostam de dormir em ambientes totalmente escuros, outras com algum ponto de luz. Encontre aquilo que se adapte às suas preferências e tenha uma qualidade de sono restaurativa.
Desconexão
Estabeleça limites claros: não responder e-mails fora do expediente ou criar momentos sem celular ajudam a reduzir a sobrecarga.
Terapia e acompanhamento profissional
O apoio de um psicólogo é fundamental para lidar com os sinais de Burnout, sendo umas das recomendações do Ministério da Saúde brasileiro. No ambiente seguro do tratamento, é possível falar abertamente sobre todos os sintomas sem julgamento.
Além disso, o psicólogo é o profissional indicado para auxiliar na mudança de rotina, inserindo momentos de pausa, descanso, atividade física, entre outros.
No MediQuo, a terapia online é prática e pode ser realizada em horários flexíveis, sem deslocamentos. Isso ajuda o paciente a ter mais adesão ao tratamento, mostrando que o cuidado com a saúde mental pode caber na rotina. Além disso, a privacidade das consultas online pode trazer mais conforto ao longo da terapia.
Como é feito o diagnóstico da Síndrome de Burnout?
O diagnóstico é realizado por profissionais de saúde mental, geralmente psicólogos ou psiquiatras, a partir de entrevistas clínicas e aplicação de questionários específicos, como o MBI.
É importante destacar que os sinais de Burnout podem ser confundidos com os de outras doenças, como depressão ou transtornos de ansiedade, e apenas um especialista pode diferenciar corretamente os quadros.
Onde buscar ajuda especializada para tratar o Burnout
O passo inicial é reconhecer os sinais e buscar apoio. Num primeiro momento, o apoio de familiares e amigos pode ser fundamental para reconhecer os sintomas. Depois, é importante buscar ajuda profissional de acordo com o que a rotina do paciente permite.
Plataformas online como o MediQuo permitem agendar consultas de forma rápida e confidencial, adaptando-se ao tempo disponível. Além disso, o acompanhamento profissional pode ser feito de casa, permitindo menor tempo de deslocamento da pessoa.
Se você deseja fazer terapia online, de maneira segura e sigilosa, aproveite para saber mais sobre a plataforma de terapia online MediQuo.
Além dessa opção, o Brasil também conta com os Centros de Atenção Psicossocial do SUS, que oferecem todo o tratamento gratuito, desde o diagnóstico até o acompanhamento medicamentoso.
O que mais é importante saber sobre os sinais de Burnout
Se você sente cansaço extremo, queda de motivação e sintomas físicos recorrentes, pode ser um sinal de alerta. Busque um profissional qualificado, como psicólogo ou psiquiatra, para ter o acompanhamento correto.
Além do afastamento do trabalho, o Burnout compromete a qualidade de vida, aumenta o risco de doenças físicas e impacta relações pessoais.
O mais utilizado é o MBI (Maslach Burnout Inventory), aplicado por profissionais de saúde.
Não existe um “remédio para Burnout”. Em alguns casos, médicos podem indicar antidepressivos ou ansiolíticos, mas sempre associados à psicoterapia.
Sim, é comum os sinais de Burnout se confundirem com os de depressão ou de ansiedade. Por isso, a avaliação profissional é essencial.
Sim, com diagnóstico precoce, tratamento adequado e mudanças nos hábitos de autocuidado, é possível recuperar a energia e evitar recaídas. O Ministério da Saúde aponta que o tratamento geralmente tem efeito entre 1 e 3 meses.